Por que o varejo ainda não leva Trade Marketing a sério?

Quando falamos de Trade Marketing, o primeiro passo é entender seu papel, e que esse papel vai muito além de só tirar verba da indústria. Trade marketing é uma estratégia
Marketing
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Michel Jasper
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Quando falamos de Trade Marketing, o primeiro passo é entender seu papel, e que esse papel vai muito além de só tirar verba da indústria.

Trade marketing é uma estratégia que conecta as marcas (fabricantes) aos canais de venda (varejistas e distribuidores) para que os produtos se comuniquem de forma eficiente com o consumidor final.

É como um “marketing no ponto de venda” que garante que o produto certo esteja no lugar certo, na hora certa, com a melhor apresentação possível.

O trade marketing faz com que as estratégias das marcas se tornem realidade nos pontos de venda, onde de fato acontece a decisão de compra.

O trade marketing surgiu nos anos 1980, como resposta ao crescimento das redes varejistas e à necessidade de uma colaboração mais estreita entre fabricantes e distribuidores. Empresas como a Colgate-Palmolive nos EUA começaram a integrar funções de marketing e vendas para fortalecer relações com distribuidores.

No Brasil, o conceito ganhou força nos anos 1990, após o Plano Real, quando a oferta de produtos superou a demanda, aumentando a competição no varejo.

Empresas como Kolynos, Nestlé e Unilever implementaram departamentos de trade marketing para melhorar a comunicação com clientes e otimizar a presença de produtos nos pontos de venda.

Por ter suas raízes na indústria, o Trade Marketing sempre foi visto pelo varejo como uma estratégia predominantemente industrial. No entanto, essa percepção vem mudando nos últimos anos, à medida que os varejistas perceberam a importância de desenvolver suas próprias áreas de trade para potencializar resultados e estreitar a relação com os consumidores.

Para entender o nível de maturidade do varejo em relação ao trade marketing, a Web Jasper realizou uma pesquisa em outubro de 2022 com 8.890 varejistas e revelou dados importantes:

96% não possuem uma área de trade marketing estruturada.

28% planejam implementar uma área de trade no futuro.

96% afirmaram que o setor comercial é responsável por administrar ações de trade.

61% estão insatisfeitos com o suporte e as estratégias da indústria.

Esses números mostram claramente que o varejo brasileiro ainda está em um estágio inicial quando se trata de adotar o trade marketing como uma área estratégica.

A falta de uma estrutura dedicada faz com que o comercial absorva atividades que deveriam estar focadas em gerar valor no ponto de venda, o que pode impactar diretamente na execução e nos resultados.

Além disso, a insatisfação de 61% dos varejistas com a indústria evidencia uma falha na colaboração entre os dois lados. Isso pode refletir desde uma inadequação nas ações propostas até uma falta de alinhamento estratégico que beneficie o varejista.

No organograma de tarefas e deveres de cada área, olhando pelo perspectiva de um varejista de médio porta, podemos ver como a área de trade é importante.

Sem o setor de Trade Marketing:

Com o setor de Trade Marketing:

Quando a área de trade marketing sai das mãos do comercial e marketing, o varejo ganha foco e eficiência.

O comercial pode se dedicar totalmente às suas tarefas comerciais, enquanto o trade assume a responsabilidade de planejar e executar estratégias no ponto de venda.

Isso garante que as ações sejam mais bem planejadas, com maior impacto e alinhadas tanto com as necessidades dos consumidores quanto com as expectativas da indústria.

Além disso, o trade pode analisar dados de vendas e comportamento do consumidor de forma mais detalhada, permitindo decisões mais embasadas e eficazes.

No fim, todos ganham: o comercial, o marketing, o varejo e o shopper.

Fica claro que o trade marketing é uma peça-chave para conectar estratégias da indústria com a execução no varejo, impactando diretamente o consumidor final.

O verdadeiro desafio está em colocá-lo em prática de forma eficiente, e isso é um assunto que vamos explorar no próximo artigo. Fique ligado!

Autor(a)
Michel Jasper

Trabalho no setor varejista há mais de 18 anos, com foco na área Operacional, Trade Marketing, Gestão de Pricing e Gerenciamento de Categoria. Já atuei nas maiores redes varejistas do País em cargos de gerência, supervisão, trade marketing, gestão de pricing e gerenciamento de categoria e merchandising.

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